O coletivo teve como busca no bairro do Bixiga (São Paulo) uma ação a longo prazo no local, com uma imersão que durou todo o ano de 2009. O grupo percorreu o bairro quase diariamente e foi construindo uma rede nesse cotidiano.

Optou-se por eleger uma escola pública da região para que a ação do grupo tivesse um local por onde todas as outras ações irradiassem. Foi escolhida a Escola Estadual Maria José. A opção pela coprodução junto aos estudantes e funcionários da escola ocorreu pela busca de um desafio: levar a concepção de troca de conhecimento que nos acompanhava em nossas relações nas ruas para dentro da instituição educativa. Foi um convite a criar um novo coletivo, que se propôs a trabalhar em conjunto por alguns meses.

Nossos primeiros encontros foram conversas sobre o bairro; a partir delas e de nossas impressões em nossa residência no Bixiga, levantamos os temas principais: moradia, os moradores em situação de rua, a “periferia do centro”, a história negra e quilombola do bairro e o movimento higienista “revitalizador” do centro da cidade de São Paulo.

Grande parte dos estudantes da escola Maria José vivia nessa “periferia do centro”, sendo que muitos deles moravam nos cômodos alugados das pensões do bairro. Há um grande adensamento de uma população de baixa renda que luta para se manter no centro, perto de seus locais de trabalho, laços de comunidade e serviços públicos. Nesse contexto o coletivo se aproximou também da Vila Itororó, que estava em plena organização para sua luta por permanência em uma vila que atraía os interesses do poder estatal e do poder privado para a criação de um espaço “cultural” no local e expulsando os moradores (ver mais sobre isso no link sobre a Vila Itororó).

Nesse coletivo aberto, onde estudantes e moradores compuseram um grupo diante da proposta de criar um documentário e algumas ações que expressassem sua visão sobre a história local, tanto do passado que o construiu como das questões atuais, foi-se desenrolando uma ação no bairro, ora na rua ora no espaço escolar, de apropriação e ressignificação do espaço.

Foram parceiros dessa atuação os contramestres de capoeira do bairro, moradores da Vila Itororó, professores, estudantes e funcionários da E.E. Maria José, agentes de saúde da UBS da região, integrantes do grupo teatral Impulso Coletivo, Máximo Barro (cineasta que atuou muito tempo no bairro), o grupo Frente 3 de Fevereiro e representantes do Movimento Nacional da População em Situação de Rua, além de diversos moradores da região.

Ao final uma instalação foi criada e percorreu 6 espaços culturais e educativos no Bixiga. Além disso, foi feita uma publicação junto aos moradores e a revista impressa foi distribuída para os agentes das ações e moradores e espaços culturais em geral.

Para a realização desse projeto o coletivo teve o subsídio do edital do VAI – Valorização de Iniciativas Culturais (Prefeitura da Cidade de São Paulo).

Bixiga