As primeiras ações do grupo foram propostas por Milene Valentir e Kleber Silva.  A proposta inicial desse projeto era fazer um mapeamento de matrizes de xilogravura espalhadas pelo espaço público.

Define-se como xilogravura o desenho feito em baixo relevo sobre uma superfície de madeira. Para imprimir a gravura espalha-se tinta em sua superfície e pressiona-se um papel sobre a madeira. O resultado é a impressão no papel, como um carimbo.

Os troncos de árvores cortadas nas calçadas são, a nosso ver, essas matrizes. É uma ressignificação do que parece sem valor, visto como um resíduo do mobiliário urbano, entendido por nós como obra de arte pública. A área de impressão é o topo cortado e sua superfície contrasta com os sulcos provocados pela serra elétrica ou machado que gerou o corte.

A ressignificação do tronco como matriz traz também uma questão sobre a propriedade e autoria da obra, pois estando a matriz em espaço público, ela pode ser impressa por qualquer pessoa. A autoria de sua gravação é sempre desconhecida, pois a pessoa que criou os sulcos na superfície foi quem cortou a árvore, geralmente o funcionário da prefeitura. Desta forma, é questionada a autoria e a propriedade da obra de arte.

Cada impressão é nomeada pela sua localização, o endereço onde “reside”, e assim é feito um mapeamento que pretendia estender-se a cada deslocamento. Logo, os impressores, ao reproduzirem as imagens, estariam desvelando um segredo da cidade. Tal era o sentido de mapear, o intuito de tornar público, poeticamente, a existência de obras nas ruas que ninguém havia percebido.

No primeiro percurso do projeto Mapa Xilográfico, em 2006 foram mapeados o Parque da Independência (bairro do Ipiranga, São Paulo, SP), Cunha (SP), Santa Cruz da Aparecida (MG) e Parque da Moça (Diadema, SP), este integrando o EIA (Experiência Imersiva Ambiental), encontro de ações intervencionistas pela cidade e, por último, em Vitória (ES) em um evento ligado ao EREA (Encontro Regional de Estudantes de Arquitetura), em companhia de Tábata Costa, que em 2010 se integra ao coletivo Mapa Xilográfico.

As questões que surgiram nesse primeiro trabalho, como a ideia de autoria e propriedade da obra de arte, os mapeamentos e o percorrer diferentes lugares a esmo, foram percepções importantes para um desdobramento posterior.